No século 18 aconteceu a Revolução Industrial na Inglaterra. A mão de obra perdeu grande poder de troca. Os baixos salários e a longa jornada de trabalho trouxeram muitas dificuldades socioeconômicas para a população. Diante dessa crise surgiram, entre a classe operária, lideranças que criaram associações de caráter assistencial. Mas a experiência não teve resultado positivo.
Com base em experiências anteriores, essas lideranças buscaram novas formas de associação e concluíram que, com uma organização formal chamada de cooperativa era possível superar as dificuldades. Isso desde que fossem respeitados os valores do ser humano e praticadas regras, normas e princípios próprios.
Então, 28 operários, em sua maioria tecelões, se reuniram para avaliar suas ideias. Respeitaram seus costumes, tradições e estabeleceram normas e metas para a organização de uma cooperativa. Após um ano de trabalho acumularam um capital de 28 libras e conseguiram abrir as portas de um pequeno armazém cooperativo, em 21/12/1844, no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra).
Nascia a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, conhecida como a primeira cooperativa moderna do mundo.
Ela criou os princípios morais e a conduta que são considerados, até hoje, a base do cooperativismo autêntico. Em 1848, já eram 140 membros e, doze anos depois, chegou a 3.450 sócios com um capital de 152 mil libras.
Os princípios são as linhas orientadoras da prática cooperativista:
Adesão voluntária e livre
As cooperativas são organizações abertas à participação de todos, independentemente de sexo, raça, classe social, opção política ou religiosa. Para participar, a pessoa deve conhecer e decidir se tem condições de cumprir os acordos estabelecidos pela maioria.
Gestão democrática
Os cooperados, reunidos em assembleia, discutem e votam os objetivos e metas do trabalho conjunto, bem como elegem os representantes que irão administrar a sociedade. Cada associado representa um voto, não importando se alguns detenham mais cotas do que outros.
Participação econômica dos membros
Todos contribuem igualmente para a formação do capital da cooperativa, o qual é controlado democraticamente. Se a cooperativa é bem administrada e obtém uma receita maior do que as despesas, esses rendimentos serão divididos entre os sócios até o limite do valor da contribuição de cada um. O restante poderá ser destinado a investimentos na própria cooperativa ou para outras aplicações, sempre de acordo com decisão tomada em assembleia.
Autonomia e independência
O funcionamento da empresa é controlado pelos seus sócios, que são os donos do negócio. Qualquer acordo firmado com outras organizações e empresas deve garantir e manter essa condição.
Educação, formação e informação
É objetivo permanente da cooperativa destinar ações e recursos para formar seus associados, capacitando-os para a prática cooperativista e para o uso de equipamentos e técnicas no processo produtivo e comercial. Ao mesmo tempo, busca informar o público sobre as vantagens da cooperação organizada, estimulando o ensino do cooperativismo nas escolas de 1º e 2º graus.
Intercooperação
Para o fortalecimento do cooperativismo é importante que haja intercâmbio de informações, produtos e serviços, viabilizando o setor como atividade socioeconômica. Por outro lado, organizadas em entidades representativas, formadas para contribuir no seu desenvolvimento, determinam avanços e conquistas para o movimento cooperativista nos âmbitos local e internacional.
Interesse pela comunidade
As cooperativas trabalham para o bem-estar de suas comunidades, por meio da execução de programas sócioculturais, realizados em parceria com os governos e outras entidades civis.
O cooperativismo de crédito no Brasil
Por volta de 1610, quando foram fundados no Brasil as primeiras Reduções Jesuíticas, houve as primeiras tentativas da criação de um Estado em que prevalecesse a ajuda mútua. Incentivada pelos padres jesuítas e baseada no princípio do auxílio mútuo (mutirão), essa prática, encontrada entre os indígenas brasileiros e em quase todos os povos primitivos desde os primeiros tempos da humanidade, vigorou por cerca de 150 anos.
Porém, é em 1847 que situamos o início do movimento cooperativista no Brasil, quando diversas sociedades foram fundadas com esse espírito.
O cooperativismo de crédito teve início em 1902, quando foi constituída pelo padre suíço Theodor Amstad a primeira cooperativa de crédito brasileira no município de Nova Petrópolis (RS). Batizada pelos imigrantes alemães como Sparkasse Amstad (Banco de Poupança Amstad), inicialmente funcionou na casa do primeiro gerente eleito, Josef Neumann Sênior.
Theodor Amstad conhecia o sistema de funcionamento do cooperativismo de crédito europeu e propôs a formação da cooperativa numa reunião realizada em 19/10/1902, no sindicato agrícola da região, como forma de reduzir as inúmeras dificuldades econômicas e financeiras dos colonos e das comunidades da região.
Em 1908, surgiu no estado do Rio de Janeiro um Caixa Rural Raiffeisen, por iniciativa do líder cooperativista Plácido de Melo.
A partir de 1964, o Banco Central extinguiu quase completamente no Brasil os modelos criados pelo alemão Friedrich Wilhelm Raiffeisen (raiffeisianismo) e pelo italiano Luigi Luzzatti (luzzatismo), com base nas restrições impostas pela reforma bancária instituída pela Lei nº 4.595/64 e pelas normas da política financeira do Governo Federal, principalmente o Decreto-Lei nº 59/66, que estabeleceram o controle direto das cooperativas de créditos e caixas rurais pela Comissão Bancária e de Crédito Rural do Conselho Monetário Nacional.
Por meio dessas medidas ocorreu a centralização dos depósitos bancários cooperativos em bancos particulares, sob o controle do Banco Central, ficando vedada às cooperativas a autodenominação de “banco”.
O movimento de reestruturação do cooperativismo de crédito no Brasil teve início na década de 1980 com o surgimento do Sicred-RS (Sistema Integrado de Crédito Rural do Rio Grande do Sul) e do Sicoob (Sistema de Cooperativa de Crédito do Brasil), e se orientou à sustentação ao fomento e à operacionalidade administrativa e financeira para que as cooperativas de crédito viessem a se tornar o braço financeiro das cooperativas de produção.
O modelo organizacional do cooperativismo de crédito é altamente direcionado para a prática profissional da administração. Seus dirigentes são cuidadosamente selecionados, sendo sua gestão acompanhada de forma permanente. É incentivada a manutenção de recursos em operações de alta liquidez, e os créditos concedidos são pulverizados. Em muitos casos, o próprio sistema, por meio das cooperativas centrais, estabelece limites operacionais conservadores e promove inspeções de rotina nas cooperativas singulares.
Deseja ser direcionado ao site da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo)?
Rua José Versolato, 111, Torre B, salas 2607 / 2608 |Condomínio Domo Business Baeta Neves |São Bernardo do Campo – SP | CEP: 09750-730
Rua José Versolato, 111, Torre B, salas 2607 / 2608 |Condomínio Domo Business Baeta Neves | São Bernardo do Campo – SP | CEP: 09750-730